Abilio muda o tom e admite buscar recursos com governo Federal

O prefeito de Cuiabá, Abilio Brunini (PL), reconheceu que, apesar de ser um dos principais críticos do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), sua gestão tem buscado apoio financeiro junto à União para atender demandas da Capital. Segundo o gestor, há representantes de sua equipe atuando em Brasília (DF) na tentativa de garantir recursos, embora os resultados ainda sejam limitados.

“Temos várias pessoas articulando projetos e solicitações de verbas. Protocolamos pedidos dentro do novo PAC em todas as frentes. Fomos contemplados com quatro creches, mas apresentamos mais de 40 projetos, e os demais não foram aprovados por causa do contingenciamento de recursos”, explicou Abilio em entrevista concedida na última quinta-feira (9).

A postura representa uma mudança de tom em relação ao início de sua gestão. Em janeiro, ao decretar calamidade financeira no município, Abilio descartou buscar ajuda do governo federal, afirmando que a União não socorria estados ou cidades em crise. Na ocasião, ele citou o Rio Grande do Sul como exemplo — o que acabou desmentido posteriormente, já que o governo federal destinou quase R$ 100 bilhões ao estado em ações emergenciais, conforme a Agência Brasil.

Menos de um mês atrás, o prefeito havia reiterado sua resistência a dialogar com representantes do governo petista. “Enquanto eu estiver à frente da prefeitura, o município de Cuiabá não se senta com o pessoal da esquerda, porque a gente não gosta de sentar com mentiroso”, declarou em 18 de setembro.

Mesmo admitindo a aproximação institucional, Abilio manteve críticas à gestão federal e à falta de repasses. “O governo não tem cumprido as promessas políticas de transferência de recursos, e isso afeta diretamente as instituições. Um exemplo é a Universidade Federal, que está tendo que pedir ajuda publicamente”, afirmou.

Para o prefeito, a dificuldade em obter recursos não se restringe a Cuiabá. “Não é questão de ser base ou oposição. Se fosse assim, outras prefeituras estariam recebendo mais recursos, e isso não está acontecendo”, disse.

Além dos pedidos via governo federal, Abilio destacou a importância das emendas parlamentares no financiamento de projetos locais. Segundo ele, cerca de R$ 20 milhões já foram liberados — R$ 14 milhões por meio do governo estadual e R$ 9 milhões oriundos da União.

O prefeito também elogiou o apoio da bancada federal de Mato Grosso, citando R$ 6 milhões destinados pelo senador Wellington Fagundes (PL) e outros R$ 4 milhões do deputado federal José Medeiros (PL), ambos para a Casa do Autista. “Os parlamentares federais foram os que mais enviaram recursos para Cuiabá”, pontuou.

Já em relação aos deputados estaduais, o gestor demonstrou insatisfação, mas reconheceu que os repasses dependem do fluxo financeiro do Estado. “Nem todas as emendas foram pagas porque o governo tem seu cronograma. À medida que os recursos entram, eles são liberados”, finalizou.