O secretário de Fazenda de Mato Grosso, Rogério Gallo, rebateu as declarações do vice-presidente da República, Geraldo Alckmin (PSB), que, durante visita ao Estado, minimizou os impactos da reforma tributária para a economia mato-grossense. Segundo Alckmin, a transição longa e a federalização dos recursos fariam com que os efeitos negativos fossem praticamente nulos.
Gallo, no entanto, contestou essa avaliação e afirmou que o vice-presidente “não conhece os detalhes da reforma”. De acordo com o secretário, os números mostram que Mato Grosso será um dos estados mais prejudicados, já que grande parte da sua arrecadação vem da produção e da exportação para outros estados.
“O Estado tem hoje 40% da arrecadação sobre a produção. Essa arrecadação desaparece. É intuitivo que, ao longo do tempo, a nossa receita vai diminuir. É uma questão matemática”, afirmou.
O secretário explicou que, como a nova tributação será baseada apenas no consumo, e não mais na produção, estados produtores como Mato Grosso tendem a perder espaço na arrecadação e na trajetória de crescimento.
“Nós vamos continuar andando, mas numa velocidade menor, porque seremos sequelados pela reforma tributária”, comparou.
Gallo também criticou a distribuição dos recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Regional, apontando desigualdade entre os estados. Segundo ele, São Paulo, o estado mais desenvolvido do país, ficará com R$ 4 bilhões anuais para investimentos, enquanto Mato Grosso receberá apenas R$ 1 bilhão — quatro vezes menos.
“São Paulo, que já está desenvolvido, terá quatro vezes mais recursos que Mato Grosso, que ainda tem 20 mil quilômetros de estradas a pavimentar. É uma competição desigual”, destacou o secretário.
Apesar das críticas, Gallo ressaltou que não é contra a reforma tributária, mas defende que medidas de compensação mais justas sejam adotadas para equilibrar as perdas dos estados produtores.