
O deputado estadual Gilberto Cattani (PL) desabafou nesta terça-feira (28) sobre a demora no julgamento dos acusados de assassinar sua filha, Raquel Cattani, morta em julho de 2023, em Nova Mutum (269 km de Cuiabá). O parlamentar afirmou ter perdido a confiança na Justiça brasileira e relatou a angústia da família diante da lentidão do processo.
“Eu desisti. Eu sou bem sincero para você: não existe justiça no nosso país. Não existe justiça”, declarou Cattani durante entrevista.
Apesar da frustração, o deputado afirmou que irá acompanhar o julgamento por insistência da esposa, Sandra.
“Eu vou sim, vou por causa da Sandra, que pede muito para ir. Por mim, a gente largava a mão. A guarda dos meninos ainda está indefinida, já faz quase dois anos. O inventário da Raquel até hoje não foi decidido”, relatou.
Cattani contou ainda que a família enfrenta dificuldades burocráticas relacionadas à herança e à guarda dos dois filhos de Raquel. Segundo ele, até mesmo o seguro de um carro financiado pela filha não pôde ser liberado, apesar de ser destinado às crianças.
O parlamentar criticou o sistema judicial brasileiro e disse que, mesmo durante os depoimentos, sentiu-se desrespeitado.
“Quando fomos chamados para depor, estava escrito que, se não fôssemos, seria de forma coercitiva. Nós fomos, falamos diante dos marginais, e eles puderam nos ouvir, mas nós não pudemos ouvir o que eles disseram. Está tudo errado. Não culpo o juiz, mas a legislação é muito branda. Não existe justiça no nosso país.”
Em tom de desabafo, Cattani afirmou que sua fé é o que o mantém de pé. “Não é que eu desisto da minha filha, mas eu espero em Deus, porque aqui, nessa justiça terrestre, realmente não tem.”
O caso
Raquel Cattani, de 26 anos, foi encontrada morta no dia 19 de julho de 2023, na região do Pontal do Marape, em Nova Mutum. A jovem, que era empreendedora e produzia queijos artesanais, foi assassinada com cerca de 30 facadas. O corpo foi descoberto pela mãe, na manhã seguinte, dentro da casa onde morava.
As investigações apontaram o ex-marido da vítima, Romero Xavier, como mandante do crime, e o irmão dele, Rodrigo Xavier, como executor. Ambos foram indiciados e aguardam julgamento.